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Biografia
Nascida em Portugal, 1986. Rita Lino começou a traçar o seu próprio
caminho na Fotografia, explorando livremente e sem qualquer tipo de
pré-concepção a construção da imagem fixa. Centrando-se principalmente
no seu trabalho pessoal, a fotógrafa tem vindo a revelá-lo e a
materializá-lo sob séries de fotografias, exercícios visuais que
exploram uma "obsessão natural" com o eu e a persona, um contínuo
"trabalho em progresso" que utiliza o corpo como matéria prima a ser
recriada e maravilhosamente exorcizada. Lino's descreve a sua Fotografia
como animal, instintiva, íntima, narcisista, cheia de emoções e
sensações, um diário com mil interpretações possíveis, um lugar
espiritual, uma reabilitação auto-sustentada. Tem vindo a desenvolver a
sua própria série pessoal, projectos e também a colaborar com várias
iniciativas internacionais, residências artísticas, assim como
iniciativas editoriais, contribuindo com a sua série pessoal ou criando
séries fotográficas exclusivas para revistas internacionais..
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Estamos perante o
projecto vencedor do IX Prémio Galiza de Fotografia Contemporânea, que,
como desde a primeira edição, integra o programa dos Encontros da
Imagem.
Lois Cid trabalha para ampliar as noções
clássicas do documental fotográfico, algo que podemos ver tanto neste,
como nos seus projectos anteriores. Um percurso que se centra na análise
dos materiais com os quais o humano transforma o território e, ao mesmo
tempo, estuda a sua implicação na criação e a modificação da paisagem
contemporânea. A sua prática é uma viagem de ida e volta, perpetuada
entre a reflexão e a experimentação com a paisagem antropizada, seja
esta encontrada ou criada, com a que desenvolve uma obra muito visual e
que transcende para o sensorial: o jogo de imagens limpas, a flutuação,
o ritmo, a fluidez.
«Estruturas de fusión» é um projecto que
indaga espaços em construção como se fossem um jazigo arqueológico para
analisar os resíduos que ficam depois do levantamento de um edifício,
relacionando-os com os entulhos gerados pelo derrubamento de antigos
prédios. Desde uma perspectiva material, os caminhos e explorações que
partem da prática arqueológica, a prática artística de Lois Cid foca-se
na análise dos vencelhos entre a materialidade, os conceitos de valor e
as relações sócio-espaciais. Sob uma lógica de recolha – ou recuperação
–, a sua obra negocia com o que se concebe como descartado ou silenciado
para problematizar ideias sobre segregação, esquecimento e alteridade.
Nesta diatribe, apresenta-nos conceitos ligados à temporalidade, à
instabilidade e à disfuncionalidade, chegando a tornar os processos de
construção e colapso numa mesma entidade difícil de diferenciar.
Nesse meticuloso trabalho de campo, Lois
decide visibilizar fragmentos redesenhados e materialidades dispersas,
para trazer à tona certas contrapropostas através de uma alternativa à
abstração. A partir da proximidade, combate o binarismo que separa o
periférico do central ao brincar com uma heterogeneidade complexa que
habita no popular contemporâneo, com uma certa singeleza com a qual
poderíamos nomear os novos non-objectualismos1. Este enigma reconsidera
a relação dos objectos e das imagens e os possíveis correlatos da sua
valorização no pensamento contemporâneo desbordado pelo consumo, a
empresarialidade, o reconhecimento, a efemeridade do tempo e a
territorialidade.
O ensaio aponta para uma subjectividade
política ou, melhor dito, para a suma das subjectividades populares,
aquelas que carrilam no interior do modelo hegemónico (e instável) de
ser e de estar. A chave aqui é o jogo com a materialidade, que Lois usa
como pedra basilar para sintetizar e reutilizar diversos referentes. Uma
condição artesanal que estoura camadas de sentido e desencadeia a
resignificação de certos processos, onde o uso de metais, madeiras,
tijolos ou tinta, resulta fundamental para (re)semantizar certos códigos
enfrentados entre eles: construir e derrubar, criar e destruir,
permanência e efemeridade, barulho e silêncio, vazio e ocupação. É assim
que o autor gera essa estranheza no/a espectadora, ao mesmo tempo que
lhe proporciona uma sensação de familiaridade que tem que ver com a
padronização dos espaços que fotografa e que tantas vezes vimos, mas
também com a proximidade a esses territórios cheios de pegadas humanas.
Porque é possível que já não possamos imaginar a paisagem sem
antropizar.
Vítor Nieves. Curador
Reinventando a nomenclatura cunhada pelo
curador e crítico Juan Acha.
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Biografia
Lois Cid, Ourense, 1993.
Técnico Superior em Fotografia Artística pela
Escola de Arte Superior de Desenho Antonio Faílde de Ourense e
Licenciado em Belas Artes pela Universidade de Castela-a-Mancha. Expande
a sua formação com artistas como Erik Kessels, Antoine D’Agata, Virgilio
Ferreira, David Jiménez, Charlotte Dumas, entre outros.
Expôs na Dispara Galeria (Pontevedra,
Galiza), Reino Unido (Grosvenor Gallery, Manchester) e Holanda (XPO
Gallery, Enschede). Foi recentemente seleccionado para a IX edição dos
Novos Encontros de Artistas que decorrem em Santiago de Compostela.
«No meu trabalho procuro promover espaços que
reformulem e reconstruam as funções básicas dos elementos em estudo,
para explorar novas possibilidades de comunicação dentro das suas
propriedades inerentes. Nessa perspectiva, tendo a me distanciar dos
temas que pesquiso, analisando-os com uma visão fria, muito próxima de
uma abordagem científica. Nos últimos anos tenho investigado a
composição e transformação do espaço que me rodeia, propondo novas
formas de abordar questões como o lugar, a localização, o território e a
paisagem. Para isso utilizo a fotografia como ferramenta de análise e ao
mesmo tempo a transformo em outro material, possibilitando um diálogo
formal com os elementos que constituem o terreno».
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