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Rita Lino
Replica

De 16 de setembro a 29 de outubro de 2022
Museu Nogueira da Silva (Av. Central 61, Braga)

Entrada gratuita



Encontros da Imagem


 

PT
REPLICA sugere uma nova leitura do corpo e do modelo como uma imagem pura, uma ferramenta pura, sem se referir a qualquer identidade representativa, ignorando assim a sociedade contemporânea de hoje aquilo que o Eu deveria ser.
Lino refere-se fortemente ao fotógrafo americano de meados do século William Mortensen, que afirma que um corpo é simplesmente considerado como "uma máquina que necessita de ajustes". Segundo Mortensen, o corpo deve ser a base, "a representação da personalidade e da emoção [...] são irrelevantes e enganadoras". Há uma certa desumanização na abordagem de Mortensen ao modelo, um retorno do corpo a um objecto sem significado, em frente da câmara. Mortensen viu modelos como barro que formam a imagem, um corpo foi articulado apenas pela intenção do operador. Ele queria tirar a figura da sua emoção e personalidade, para que nós, como público, pudéssemos considerar o corpo como um adereço formado e olhar a imagem como a essência, e não o sujeito.
No caso de Lino, ela é a modelo, a operadora / fotógrafa, o sujeito e a imagem ao mesmo tempo. Ela está em completo controlo. Encontrou uma forma de se retirar da representação e reduziu o seu próprio corpo a um objecto e imagem puros, quase como uma máquina. A 'réplica' é uma manifestação da compreensão da artista do seu papel em frente e atrás da máquina fotográfica.
A 'Réplica' é um presciente de um futuro próximo em que a identidade se renderá à despreocupada máquina de ampliação de imagem.

   


Biografia

Nascida em Portugal, 1986. Rita Lino começou a traçar o seu próprio caminho na Fotografia, explorando livremente e sem qualquer tipo de pré-concepção a construção da imagem fixa. Centrando-se principalmente no seu trabalho pessoal, a fotógrafa tem vindo a revelá-lo e a materializá-lo sob séries de fotografias, exercícios visuais que exploram uma "obsessão natural" com o eu e a persona, um contínuo "trabalho em progresso" que utiliza o corpo como matéria prima a ser recriada e maravilhosamente exorcizada. Lino's descreve a sua Fotografia como animal, instintiva, íntima, narcisista, cheia de emoções e sensações, um diário com mil interpretações possíveis, um lugar espiritual, uma reabilitação auto-sustentada. Tem vindo a desenvolver a sua própria série pessoal, projectos e também a colaborar com várias iniciativas internacionais, residências artísticas, assim como iniciativas editoriais, contribuindo com a sua série pessoal ou criando séries fotográficas exclusivas para revistas internacionais..


 

 

Estamos perante o projecto vencedor do IX Prémio Galiza de Fotografia Contemporânea, que, como desde a primeira edição, integra o programa dos Encontros da Imagem.
Lois Cid trabalha para ampliar as noções clássicas do documental fotográfico, algo que podemos ver tanto neste, como nos seus projectos anteriores. Um percurso que se centra na análise dos materiais com os quais o humano transforma o território e, ao mesmo tempo, estuda a sua implicação na criação e a modificação da paisagem contemporânea. A sua prática é uma viagem de ida e volta, perpetuada entre a reflexão e a experimentação com a paisagem antropizada, seja esta encontrada ou criada, com a que desenvolve uma obra muito visual e que transcende para o sensorial: o jogo de imagens limpas, a flutuação, o ritmo, a fluidez.
«Estruturas de fusión» é um projecto que indaga espaços em construção como se fossem um jazigo arqueológico para analisar os resíduos que ficam depois do levantamento de um edifício, relacionando-os com os entulhos gerados pelo derrubamento de antigos prédios. Desde uma perspectiva material, os caminhos e explorações que partem da prática arqueológica, a prática artística de Lois Cid foca-se na análise dos vencelhos entre a materialidade, os conceitos de valor e as relações sócio-espaciais. Sob uma lógica de recolha – ou recuperação –, a sua obra negocia com o que se concebe como descartado ou silenciado para problematizar ideias sobre segregação, esquecimento e alteridade. Nesta diatribe, apresenta-nos conceitos ligados à temporalidade, à instabilidade e à disfuncionalidade, chegando a tornar os processos de construção e colapso numa mesma entidade difícil de diferenciar.
Nesse meticuloso trabalho de campo, Lois decide visibilizar fragmentos redesenhados e materialidades dispersas, para trazer à tona certas contrapropostas através de uma alternativa à abstração. A partir da proximidade, combate o binarismo que separa o periférico do central ao brincar com uma heterogeneidade complexa que habita no popular contemporâneo, com uma certa singeleza com a qual poderíamos nomear os novos non-objectualismos1. Este enigma reconsidera a relação dos objectos e das imagens e os possíveis correlatos da sua valorização no pensamento contemporâneo desbordado pelo consumo, a empresarialidade, o reconhecimento, a efemeridade do tempo e a territorialidade.
O ensaio aponta para uma subjectividade política ou, melhor dito, para a suma das subjectividades populares, aquelas que carrilam no interior do modelo hegemónico (e instável) de ser e de estar. A chave aqui é o jogo com a materialidade, que Lois usa como pedra basilar para sintetizar e reutilizar diversos referentes. Uma condição artesanal que estoura camadas de sentido e desencadeia a resignificação de certos processos, onde o uso de metais, madeiras, tijolos ou tinta, resulta fundamental para (re)semantizar certos códigos enfrentados entre eles: construir e derrubar, criar e destruir, permanência e efemeridade, barulho e silêncio, vazio e ocupação. É assim que o autor gera essa estranheza no/a espectadora, ao mesmo tempo que lhe proporciona uma sensação de familiaridade que tem que ver com a padronização dos espaços que fotografa e que tantas vezes vimos, mas também com a proximidade a esses territórios cheios de pegadas humanas. Porque é possível que já não possamos imaginar a paisagem sem antropizar.

Vítor Nieves. Curador


Reinventando a nomenclatura cunhada pelo curador e crítico Juan Acha.

 


Biografia

Lois Cid, Ourense, 1993.

Técnico Superior em Fotografia Artística pela Escola de Arte Superior de Desenho Antonio Faílde de Ourense e Licenciado em Belas Artes pela Universidade de Castela-a-Mancha. Expande a sua formação com artistas como Erik Kessels, Antoine D’Agata, Virgilio Ferreira, David Jiménez, Charlotte Dumas, entre outros.
Expôs na Dispara Galeria (Pontevedra, Galiza), Reino Unido (Grosvenor Gallery, Manchester) e Holanda (XPO Gallery, Enschede). Foi recentemente seleccionado para a IX edição dos Novos Encontros de Artistas que decorrem em Santiago de Compostela.
«No meu trabalho procuro promover espaços que reformulem e reconstruam as funções básicas dos elementos em estudo, para explorar novas possibilidades de comunicação dentro das suas propriedades inerentes. Nessa perspectiva, tendo a me distanciar dos temas que pesquiso, analisando-os com uma visão fria, muito próxima de uma abordagem científica. Nos últimos anos tenho investigado a composição e transformação do espaço que me rodeia, propondo novas formas de abordar questões como o lugar, a localização, o território e a paisagem. Para isso utilizo a fotografia como ferramenta de análise e ao mesmo tempo a transformo em outro material, possibilitando um diálogo formal com os elementos que constituem o terreno».

   
   
   
   

Museu e Jardim
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